“As startups vivem uma virada de ciclo e um processo de amadurecimento que pode ser muito positivo, sobretudo na evolução da gestão de recursos, em especial de recursos.”
Fernando Trota – Cofounder e CEO da Triven
Qual é o cenário atual das startups brasileiras? Ainda há necessidade de realizar cortes? Quais são as expectativas dos founders em relação ao futuro de seus negócios? Para compreender essas e outras questões do mercado de inovação, a Triven conduziu uma pesquisa para examinar a adaptação das startups ao momento vivido pelo setor.
O levantamento contou com 38 startups participantes, de segmentos como edtechs, fintechs, construtechs e healthtechs, dos estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Alagoas e Distrito Federal.
Insights sobre a gestão nas startups
Os resultados trazem indicativos sobre a virada de ciclo do mercado, processo de amadurecimento dos negócios e evolução da gestão, principalmente em termos de recursos. Passado o momento de instabilidade, as startups apresentam dados otimistas em relação ao futuro:
- 26,3% afirmam que não precisarão fazer novos cortes, embora vejam com cautela o momento vivido pelo setor;
- 15,8% também não farão novos cortes, mas acreditam que vão crescer em 2023;
- 15,8% afirmam que existe a necessidade de cortes ainda neste ano;
- 42,1% não fizeram cortes na empresa durante o último ano.
Para chegar a esse cenário, no entanto, muitas empresas passaram por adequações em diferentes áreas da gestão. Entre as startups que realizaram mudanças, 47,4% indicaram a reavaliação do planejamento do negócio como principal ponto de ajuste.
Outras adequações apontadas pelos founders foram:
- Redução de contratos com fornecedores (21,1%);
- Contenção em investimentos de infraestrutura da empresa (21,1%);
- Redução de pessoal (18,4%);
- Mudanças nos produtos ou serviços oferecidos pela empresa (18,4%);
- Diminuição de benefícios (5,3%).
Amadurecimento do mercado de inovação
Os dados da pesquisa reforçam a percepção de que o mercado de inovação vive um momento de amadurecimento e reavaliação de rotas.
É importante lembrar que a essência do mercado de inovação sempre esteve vinculada a um propósito de mudar o mundo e a forma como as pessoas se relacionam com o consumo de determinados produtos. Nos últimos anos, porém, muitos investidores e empreendedores foram atraídos apenas pelo aspecto financeiro. O resultado foi a criação de soluções pouco inovadoras.
As mudanças no mercado de Venture Capital, portanto, trazem uma espécie de seleção natural dos negócios e um pouco da volta às origens do ecossistema de startups.
Fernando Trota, Cofounder e CEO da Triven, destaca que o setor de inovação brasileiro está retomando o significado real do Venture, com o foco em negócios disruptivos, inovadores e com propósito:
“O venture capital vai continuar existindo, mas com investidores mais exigentes e com um olhar mais atento ao planejamento dos negócios. Nesse sentido, sairão na frente startups que olharem para fatores como a organização e o planejamento financeiros.”
As modificações no setor de inovação vieram para ficar, com as startups vivendo um momento de reavaliação de rotas. Trota analisa que as empresas estão revendo planejamentos, criando novos cenários e sendo mais criteriosas na tomada de decisão:
“As startups estão procurando ser mais ‘ambidestras’ em seus modelos de negócio. Operações de M&A estão ganhando destaque e fusões e consolidações têm sido um caminho para ganho de velocidade ou até mesmo para que se mantenham relevantes.”
O momento é de amadurecimento do mercado, e a tendência é de perpetuação dos melhores modelos de negócio. Em outras palavras, para startups empenhadas em gerar valor e mitigar as lacunas do mercado, o investimento permanecerá disponível.
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