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A adaptação é essencial para acomodar colaboradores de diferentes gerações em uma mesma empresa.

Os debates sobre a geração Z parecem longe de acabar, e especialistas de diversas áreas tentam entender os comportamentos desse grupo que chega ao mercado corporativo. Tais reflexões, porém, costumam cair em simplificações, atribuindo aos zillenials um perfil negativo, imediatista e volátil.

Discussões sobre “qual geração é melhor no ambiente de trabalho” ignoram um ponto importante: na maioria das vezes, profissionais de diferentes idades têm as mesmas demandas; o que muda é a relevância que se dá a cada uma delas e a forma como buscam atendê-las. No final, temos as mesmas necessidades, mas com visões diferentes do mundo.

Simplificando, Boomers priorizam segurança, Xers ascensão, Milenials flexibilidade e Zs propósito, mas todos querem algo de todas elas.

Hoje em dia se fala muito sobre como a geração Z quer receber feedbacks, por exemplo. Eu também sempre quis ter esses retornos. Porém fazia sentido ter essa avaliação uma vez ao ano, entregue formalmente por escrito, de forma mais protocolar. Os mais jovens, muitas vezes, querem receber repasses com mais frequência, em mensagens instantâneas, de forma mais flexível. O desafio não está no que deve ser feito, mas no formato.

Gerações são pessoas que convivem no mesmo tempo e espaço, com os mesmos objetivos, mas não da mesma maneira. Se as empresas conseguirem prestar atenção nisso, terão mais facilidade em conversar com diferentes gerações.

Em mais de 30 anos de experiência em RH, conheci os extremos do mundo corporativo. Acompanhei tanto as dinâmicas de uma grande empresa e o estilo de trabalho de funcionários de gerações anteriores, quanto a rotina de novos negócios e de equipes compostas majoritariamente por profissionais da geração Z.

Algo que percebi ao longo do tempo foi como acontecimentos mundiais podem causar impactos muito distintos entre pessoas de uma mesma geração. As gerações são muito mais marcadas por acontecimentos do que por um período de tempo fechado.

Pessoas da geração Z que começaram a trabalhar antes da pandemia com certeza têm uma experiência diferente das que entraram depois. E a mudança não ficou restrita ao formato de trabalho, se é remoto ou presencial, se é mais ou menos digital. Começou a se falar muito mais sobre cuidados com a saúde mental, sobre o que as pessoas desejam para suas vidas e sobre os impactos disso no mercado de trabalho.

Leia também: Entenda a evolução da área de RH e saiba como se adaptar às mudanças

Boas práticas para gerir profissionais da geração Z

É preciso tomar cuidado com as generalizações que costumam ser feitas sobre as gerações. Se elas forem apresentadas apenas com um tom negativo, temos um problema. É claro que os mais novos serão mais imediatistas, eles nasceram num mundo que favorece isso. Mas não quer dizer que, necessariamente, têm um perfil ruim ou pior em relação à geração anterior. Apenas é diferente e precisamos nos adaptar a isso.

Esses cuidados são essenciais para gestores que precisam melhorar o engajamento das equipes – um dos principais desafios enfrentados pelas empresas atendidas pela frente de People as a Service da triven, por exemplo.

É comum chegarmos nas startups e ouvirmos relatos sobre a dificuldade em atrair ou reter talentos.. Essa questão sempre existiu, independentemente da geração, mas a forma de abordá-la é que deve ser distinta de uma geração para outra. Em outras palavras, são problemas distintos, mas que exigem a mesma solução: adequar as ações de engajamento.

Para isso, além de compreender o estilo de trabalho dos colaboradores, é preciso saber o que os motiva a ficar na empresa e colaborar para seu sucesso. É a remuneração, o ambiente de trabalho, o propósito, as perspectivas de desenvolvimento e carreira, o estilo de liderança? Os líderes devem ter esse conhecimento.

Além disso, é importante lembrar que as mudanças que estão ocorrendo irão afetar todas as gerações, não apenas os mais jovens. Acho curioso quando pessoas de outras gerações no mercado de trabalho falam ‘no meu tempo era diferente’. Ora, o nosso tempo é agora. Nós ainda estamos produzindo, criando e, inevitavelmente, mudando. É nesse tempo de hoje que vivemos e com essa nova geração que trabalhamos. Ao invés de lamentar é preciso saber se adaptar para juntos sermos melhores.

Crédito da imagem: Imagem de freepik

Marcus Vaccari

Marcus Vaccari é Sócio e Board Member da Triven. Tem mais de 35 anos de experiência na gestão de Recursos Humanos, 27 deles como VP de RH na PepsiCo.